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Dona Pavlova

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06
Out17

Dia do Professor / Resultado Provas Aferição

Dona Pavlova

 Este desabafo merece ser lido e refletido. Acredito que seja o sentimento de muitos. Também quero acreditar que os pais que participam ativamente na escola o entendam e estejam do lado de quem muito dá pelo desenvolvimento dos alunos.

"Hoje vi o noticiário (foi feriado). Uma das notícias que não podia deixar de me chamar à atenção foram os resultados das Provas de “Aferição” (vai entre aspas porque ainda não percebi muito bem o que aferem, em especial no 2º ano de escolaridade). Confesso que não me surpreenderam. Infelizmente ainda me surpreendeu menos a conclusão que o Ministério da Educação retira de toda esta situação. E isto entristece-me. Para quem escolheu esta profissão por vocação, por vontade de ajudar as crianças no seu desenvolvimento, vê-los desabrochar e abrirem-se para a Vida, e anda nisto há 30 anos é cada vez mais frustrante “engolir” estas conclusões de quem, supostamente, percebe de Educação.
Está tudo bem na Educação, com exceção dos professores, claro!
Não está errado as crianças chegarem à escola de madrugada e de lá saírem ao anoitecer;
Não está errado terem uns currículos absurdamente desajustados ao desenvolvimento cognitivo das crianças;
Não está errado ter-se aniquilado as disciplinas de Expressões. São 3 horas semanais para Expressão Plástica, Expressão Musical, Expressão Dramática, Expressão Físico-Motora e, na prática, com os novos horários passaram a ser apenas 1h30m;
Não está errado dedicarem-se apenas 3 horas à disciplina de Estudo do Meio, quando já foram 5 e não chegavam;
Não está errado as condições de grande parte das escolas ser pouco dignificantes para toda a comunidade escolar, onde chove, faz frio e se tem que suportar um calor insuportável;
Não está errado quando os professores são sobrecarregados de trabalhos burocráticos e ficam sem tempo suficiente para prepararem adequadamente as aulas dos seus alunos;
Não está errado os professores não terem tempo para refletir, pensar, encontrar estratégias para ajudar os seus alunos a ultrapassarem algumas dificuldades. Uma nota: para se pensar numa estratégia que ajude um aluno a ultrapassar alguma dificuldade e para criar um jogo/atividade que permita aos alunos entenderem melhor os conteúdos é preciso PENSAR e para isso é necessário TEMPO. Não se pensa em estratégias, em soluções ou em atividades quando se vai às compras, à oficina levar o carro ou ao banco tratar de qualquer assunto; 
Não está errado os docentes não terem tempo para ler e se atualizarem. Sim, esta profissão exige que estejamos constantemente em busca do conhecimento, em atualização constante;
Não está errado que para nos atualizarmos e obtermos os créditos que necessitamos para progredir na carreira (apesar dela estar congelada quase desde a pré-história) o tenhamos que fazer após o horário letivo – com o necessário prejuízo dos seus alunos porque quem chega a casa tarde (por vezes 22 horas ou mais) não poderá preparar e estar nas melhores condições físicas no dia seguinte para os seus alunos ou ter que frequentar as referidas formações durante uma infinidade de sábados, com isso prejudicando a sua família e a sua estabilidade mental;
Não está errado os filhos dos professores não terem as mesmas condições do que os filhos dos restantes pais. Sim, os nossos filhos acompanham-nos desde os poucos meses de idade para as reuniões e restantes tarefas escolares. Sim, ouvi a minha filha dizer-me algumas vezes que nós (pai e mãe, ambos professores) não gostávamos dela porque os fins-de-semana TAMBÉM são passados na preparação das aulas dos nossos alunos e em muitas outras tarefas que necessitam ser preparadas e não há tempo ao longo da semana;
Não está errado os pais terem horários de trabalho que não lhes permita fazer um melhor acompanhamento dos seus filhos;
Não está errado as nossas crianças não terem tempo para BRINCAR. Gostava de saber o que aconteceu às teorias de Jean Piaget e Lev S. Vygotsky e outros.
Não está errado mudarem-se todos os anos ou ao ritmo de mudança de governo, tudo o que diz respeito à Educação.
Não está errado sujeitarem as crianças (principalmente as do 1º ciclo) ao stress da realização das Provas de Aferição que não servem para nada. Tal é a importância que têm estas provas que as crianças as realizam nas suas salas de aula, sentadas ao lado dos seus colegas e com o seu professor titular de turma. 
Não que eu defenda a existência de Exames ou Provas de Aferição, mas se os fizerem que tenham algum peso pedagógico. Todos nós sabemos que, principalmente os jovens, ao saberem que a nota obtida nas Provas de Aferição não conta NADA para o resultado do final de ano, obviamente não encaram este tipo de provas com a preocupação que a encarariam se tivessem um peso na sua transição ou não de ano.
Não está errado que haja professores colocados a centenas de quilómetros de casa, que tenham que abandonar os seus filhos (maioritariamente crianças de tenra idade), cônjuges e lares. É impossível haver alguém que se consiga manter mentalmente estável numa situação destas. Quantos pais e mãe não verão os primeiros passos dos seus filhos, a primeira palavra balbuciada… Por que não se faz um estudo sobre a saúde mental destes (e de todos) professores? Inevitavelmente, começam a surgir inúmeros atestados médicos (e ainda a procissão vai no adro). E alguns ainda dirão: Pois, essa cambada, o que não quer é trabalhar!
Não, nada disto está errado. Quem são os culpados? Inevitavelmente, sempre os mesmos. Ainda que o digam de uma forma camuflada e embrulhada no papel bonito da formação dizem que a culpa é dos PROFESSORES que precisam de saber mais. Sim, precisamos. Sim, é necessário estarmos sempre em atualização. Sim, como em todas as profissões nem todos se dedicam de corpo e alma aos seus alunos. 
Mas NÃO, NÃO ACEITO que me venham dizer que o resultado que as crianças e jovens tiveram naquela coisa que se chama Prova de Aferição é nossa, é dos Professores. Um pouco mais de respeito só ficava bem a quem gere tão importante setor da nossa sociedade.
Infelizmente, esta foi a forma que Portugal, ou melhor os seus governantes, escolheu para comemorar o Dia Mundial do Professor.
Um professor com muito orgulho de o ser"
José Paulo Ribeiro

15
Abr16

Eu vou! Eu aceito! Posso?

Dona Pavlova

A NIT diz que uma ilha do Havai dá 44 mil euros aos professores que queiram dar aulas nesta ilha:

 

Captura de ecrã 2016-04-15, às 17.15.38.png

 

Viver no paraíso, afinal, não é assim tão aliciante como se julga. A região norte-americana não sabe como segurar os seus professores e está a oferecer um bónus a quem se quiser candidatar.

O Havai só deve mesmo ser um paraíso para quem vai lá de férias ou para quem vê fotos e imagens em revistas ou sites. Isto, pelo menos, a julgar pela pouca vontade que os americanos revelam em ir para lá viver. Isto porque todos os anos, no final de cada ano letivo, as escolas havaianas ficam sem os seus professores, que deixam a ilha e regressam aos seus estados de origem, no continente americano. Isto está tornar-se num grave problema, que levou mesmo a que alguns distritos havaianos tivessem aliciado professores de outros distritos, desviando-os, de acordo com um artigo recente do jornal online "Hawaii News Now".

Para o próximo ano letivo, existem 1600 vagas abertas para os novos docentes que queiram trabalhar na área da educação especial, matemática e ciências. O Departamento de Estado da Educação do Havaiestá a oferecer 50 mil dólares (cerca de 44 mil euros) aos professores que aceitem o cargo, sobretudo em zonas mais rurais, e por mais de um ano escolar e incentivem os próprios alunos a não abandonarem as suas próprias comunidades quando se formarem.

Eu quero!!! Posso?

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